cansaço....

Sinto o cansaço apoderar-se de mim. Pedir-me para que eu feche os olhos. Para que eu me deite. Para que durma até mais não. Só que tenho medo de me deitar para dormir. Tenho medo de fechar os olhos. Por isso faço de tudo para me manter acordada. Para manter os meus olhos abertos. Para manter a minha alma desperta. Preciso dos meus sentidos atentos a todas as pequenas coisa, a todos pormenores. Perciso de estar atenta. Preciso de perceber onde é que as coisas começam e acabam.
Sinto o cansaço pesar-me nos ombros. Pedir-me que me abandone à sua vontade. Respiro fundo. A procurar forças no que ainda resta de mim. Respiro fundo muitas vezes. Não consigo encontrar muitas forças dentro de mim. Sinto que não vou conseguir resistir. Abro muito os olhos. Ando vezes sem conta, para a frente e para trás na sala.Caminhar. Manter o corpo ocupado, ainda que a mente não esteja. Para trás e para a frente. Sempre em movimentos descontínuos. Movimentar o corpo a fim de que a alma não adormeça. E eu não posso adormecer. Não agora. Não neste momento. Páro de andar. Volto a respirar. Nada disto está a dar resultado. Dou um grito que se perde por entre as paredes da minah sala e choro. Choro de cansaço. Choro de desespero. Num movimento de desespero, pego nas chaves, num casaco e saio para a rua. Não esperem por mim. Não tenho horas para voltar.