quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A tua sombra...


Eu ia à rua só para comprar cigarros,
Dobrava a esquina do prédio,
(Como se alguém pudesse dobrar uma parede erguida assim!!!)
Olhava o caminho à minha frente,
(Se olhasse para trás cairia singularmente nalgum resvalo do caminho fora de mim!)
E perguntava-me como é possível ainda…?
Como é possível estar viva depois de tantos cigarros,
De tantas noites de insónia,
De tanto matraquear nas teclas daquele caixote,
Escorrendo poemas e textos?
Mas continuava o meu caminho,
A caminho de um café,
Perdido algures naquele fim de mundo,
Absorta que ia nos meus pensamentos,
Nem dei conta que me seguia a tua sombra,
Essa sombra que se colou ao meu corpo como uma ganga
Que obscurece a minha luz nas noites mais profundas.
Ah essa tua sombra que me segue a cada passo,
Os teus olhos que me despem a cada gesto,
Os teus lábios que me beijam a cada trago de fumo de cigarro!
E o telefone acorda-me para te ouvir dizer novamente:Como estás?
Eu? Estou aqui, aqui a caminhar no teu encalço.
Segues-me?Sigo-te como a tua sombra que nunca me esquece.
Quero-te, sabes?Sei e é desse saber que tenho medo!
Porque achas que desta tua sombra eu já não cedo?Não sei!
Eu ia à rua só para comprar cigarros
E dobrava a esquina do prédio
Como quem dobra o corpo no acto de amar.
Mas não estás aqui!
Somente a tua sombra que me segue
E a tua voz que sempre me acorda para a realidade
Desta espera imensa de te poder ter no sonho que tento agarrar.

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